Com cerca de 60 mil mulheres a mais do que homens em Goiânia, elas reclamam que na capital o placar não é nada favorável para as pessoas do sexo feminino no mercado amoroso
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) do último censo mostram que 30% das mulheres que se declaram solteiras têm filhos. Em Goiás, 54% da população é solteira. Outro número que desanima as mulheres em busca de um noivo é o excesso de concorrência. Em Goiânia, há 60.287 mulheres a mais do que homens. Não é raro sair na noite da cidade e ver, nos bares e restaurantes, mesas repletas de mulheres lindas e desacompanhadas.
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A sensação é de que sempre o placar está desfavorável para elas. “Acho que em Goiânia a situação é bem pior do que no resto do País. Tem mulher demais, muita badalação. Aí os homens só querem festa”, reclama a estudante Bruna Morais, de 22 anos. Apesar da pouca idade, Bruna explica que tem amigas na faixa dos 28 anos que já começam a se preocupar em encontrar alguém para construir uma família.
Todas se queixam do mesmo: não tem homem no mercado, os bons estão casados ou são gays (não é à toa que tem gente que chama a cidade de “Gayânia”). Entre as meninas, é comum ouvir que a capital é a única cidade do País onde homem feio escolhe mulher bonita a dedo. Para os especialistas, a geração atual passar por um série de transformações que afetou diretamente as expectativas de homens e mulheres. Achar hoje a alma gêmea requer antes de tudo uma boa dose de persistência. E outra de sorte.
“A ideia de casamento parece ter assumido um ar de asfixia emocional para muitos homens, que preferem a vida de solteiro com variações de parceiras, do que se estabilizar numa relação única e monogâmica”, explica o psicólogo Frederico Mattos, consultor de relacionamento do site ParPerfeito. A pedido do POPULAR, o site, o maior de relacionamentos e encontros do Brasil, tabulou os dados dos usuários goianos.
São 178.391 usuários ativos no serviço que, como o nome diz, promete encontrar o par perfeito para o solteiro. A maior parte entre os usuários goianos são de mulheres (50,3%), com idade entre 18 e 24 anos (35,3%), em busca de relacionamento sério (37,5%). A maioria declarou estar solteira e sozinha (65,4%). Para Frederico, existe realmente uma diferença de expectativas afetivas entre homens e mulheres na faixa etária dos 30 anos.
Status masculino
Os homens de modo geral se sentem mais seguros de sua posição pessoal e profissional tardiamente, pois os códigos de status masculinos parecem ter sido associados à ideia de poder profissional. Nessa fase, eles querem usufruir dos “novos poderes”, seja viajando, seja comprando bens, seja variando as parceiras amorosas e sexuais.
“Ele tem essa sensação de urgência, como se a única maneira de aproveitar a vida fosse alternando as parceiras. Já as mulheres se sentem mais prontas para solidificar sua vida pessoal em paralelo à vida profissional e com isso o desejo de muitas pela maternidade. Essa falta de sincronia existencial tem causado muitos desapontamentos, em especial por parte das mulheres”, aponta o psicólogo Frederico Mattos.

Entrevista com Darlane Silva Viera
Doutora em Estudos Interdisciplinares sobre Mulheres, Gênero e Feminismo, Darlane Silva Vieira Andrade fez uma longa pesquisa sobre os solteiros de Salvador. Sua pesquisa se propôs a destrinchar o fenômeno da “solteirice” na contemporaneidade. Além de entrevistar solteiros e solteiras, a pesquisadora foi a campo e fez observações em lugares de lazer destinados à paquera.


